O estado brasileiro falhou ao não prover segurança para a juíza Patrícia Acioli, assassinada no Rio em suposta ação do crime organizado, e esse fato coloca em risco a democracia no país. A opinião é da juíza Kenarik Boujikian Felippe, da 16ª Vara Criminal de São Paulo. Habituada a julgar crimes como tortura, homicídios e outros delitos contra a pessoa, ela critica a falta de atendimento do pedido de segurança feito pela colega do Rio, morta no dia 11 com 21 tiros quando chegava em casa, em Niterói, Rio de Janeiro.
Para Kenarik (pronuncia-se Kãnarik), não é admissível que juízes não tenham segurança do Estado e sejam assassinados. 'Se os juízes não conseguem ter tranquilidade para sentenciar, a população terá ainda menos tranquilidade', afirmou. 'O que há é uma ameaça ao sistema democrático', afirma. Ela conta que em 22 anos de trabalho, nunca foi ameaçada. Mas diz que conhece colegas que tiveram de viver com escoltas. ' Houve uma juíza que teve dois casos', lembra a magistrada. Ex-presidente da Associação dos Juízes para a Democracia (AJD), que ajudou a fundar em São Paulo, Kenarik já atuou em casos rumorosos, como a condenação de policiais militares acusados de tortura e de processos envolvendo denúncias contra policiais 'por crime de extorsão', no caso do roubo do Banespa. 'Foi o maior roubo a banco do país', lembra ela. 'O caso do Banco Central, no Ceará, foi um caso de furto', emenda.
De acordo com a juíza, a solução está no efetivo atendimento das garantias de segurança do estado para casos de juízes ameaçados. 'Sou contra medidas de exceção, como juíz sem rosto, julgamentos colegiados ou transferência de processos', afirmou. ' Se quiserem matar, vão matar', declarou. Leia a íntegra da entrevista.
Fonte:Atualizado: 20/8/2011 11:53
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